O centro do nosso planeta está 6 370 quilômetros abaixo de nossos pés. O mais perto que chegamos de lá é um buraco de 12 quilômetros de profundidade na península de Kola, na Rússia, que está sendo cavado desde 1970 e não há esperança de fazer com que supere os 15 quilômetros. Mesmo tão longe do centro, a pesquisa trouxe surpresas: os cientistas encontraram água a uma profundidade que achavam impossível e camadas de rocha de tamanho maior que o previsto.
Esse projeto russo mostrou como é difícil saber o que acontece no interior da Terra. "A cada quilômetro que descemos, a temperatura aumenta entre 30 a 40 graus centígrados e a pressão força o buraco a se fechar", diz o geofísico Wladimir Shukowsky, da Universidade de São Paulo (USP). Descobrir o que acontece lá embaixo, no entanto, é essencial para prever erupções vulcânicas e terremotos que causam milhares de vítimas por ano. O que fazer então?
A solução é analisar as propriedades do nosso planeta - como a gravidade e o magnetismo - e fazer deduções a partir das leis da física. Terremotos também fornecem boas pistas. "Os tremores se propagam como ondas pelo interior da Terra. Pelas interferências que sofrem no caminho, podemos saber que materiais existem ali", diz Lucas Barros, geofísico da Universidade de Brasília (UnB). Assim, os cientistas puderam inferir que a terra firme onde pisamos é uma camada muito fina, de cerca de 20 quilômetros. Logo abaixo está o chamado manto, composto de rochas que se movimentam em estado líquido. O centro seria um cristal sólido com 2 400 quilômetros de diâmetro, feito de ferro, níquel e outras substâncias em pressões três milhões de vezes maiores que a da atmosfera. Mas isso ainda não passa de suposição.
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