A pérola é o resultado de uma reação natural do molusco
contra invasores externos, como certos parasitas que procuram
reproduzir-se em seu interior. Para isso, esses organismos perfuram a
concha e se alojam no manto, uma fina camada de tecido que protege as
vísceras da ostra. Ao defender-se do intruso, ela o ataca com uma
substância segregada pelo manto, chamada nácar ou madrepérola, composta
de 90% de um material calcário - a aragonita (CaCO3) -, 6% de material
orgânico (conqueolina, o principal componente da parte externa da
concha) e 4% de água. Depositada sobre o invasor em camadas
concêntricas, essa substância cristaliza-se rapidamente, isolando o
perigo e formando uma pequena bolota rígida. As pérolas perfeitamente
esféricas só se formam quando o parasita é totalmente recoberto pelo
manto, o que faz com que a secreção de nácar seja distribuída de maneira
uniforme. "Mas o mais comum é a pérola ficar grudada na concha, como
uma espécie de verruga.
Por isso, as esféricas são tão valiosas", diz o biólogo Luís Ricardo
Simone, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). O tempo
médio de maturação de uma pérola é de três anos. Como a ostra já se
defende muito bem de invasores com sua concha, o fenômeno é raro,
acontecendo, na natureza, em apenas um em cada 10 000 animais. No início
do século XX, os japoneses inventaram uma forma simples de acelerar o
processo, introduzindo na ostra uma pequena bola de madrepérola,
retirada de uma concha, com cerca de três quartos do tamanho final
desejado. O resultado é tão bom que, mesmo para um especialista, é
difícil distinguir a pérola natural da cultivada. Substâncias presentes
na água também podem ser incorporadas à pérola, por isso sua cor varia
de acordo com o ambiente, gerando as mais diversas tonalidades. A pérola
é a única gema de origem animal.
Até o século XVII, não existia tecnologia para polir pedras preciosas
como rubis e esmeraldas, por isso as pérolas eram um dos maiores
símbolos de riqueza e poder, usadas como adorno nas mais valiosas joias
da época.
A cor da pérola varia conforme as condições ambientais e a saúde da ostra: as mais comuns são rosa, creme, branca, cinza e preta.
As formas da pérola dependem do formato do invasor e do local onde
ele se instala. As esféricas são as mais raras e, consequentemente, mais
valiosas.
Cerco aos penetras
Organismos que invadem a concha iniciam o processo de formação da pérola
1. Depois de perfurar a concha, o parasita invasor entra em contato
com o manto -
tecido de defesa da ostra - e causa uma irritação no
interior do molusco.
2. O manto imediatamente parte para a reação defensiva, dobrando-se sobre o parasita de forma a deixá-lo completamente isolado.
3. A defesa se completa com a secreção do nácar, ou madrepérola, a
mesma substância que produz a concha. Ela é depositada sobre o invasor,
formando uma camada protetora.
4. Mesmo depois de isolada a fonte do incômodo, a pérola continua crescendo, pois a ostra não pára de secretar o nácar.
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