A superstição teve origem na Idade Média, quando se acreditava que os
felinos, devido a seus hábitos noturnos, tinham parte com o demônio - e
se o bichano era da cor negra, habitualmente associada às trevas, pior
ainda para ele. Assim, no imaginário medieval, o gato preto tornou-se
tão inseparável da mítica figura da feiticeira quanto a vassoura
voadora. No século XV, o papa Inocêncio VIII (1432-1492) chegou a
incluir o pobre animal em sua lista de perseguidos pela Inquisição,
campanha assassina da Igreja católica contra supostas heresias e
bruxarias. A perseguição atingiu seu auge na Inglaterra do século XVI,
época de repentino aumento da população felina nas cidades. Consta que,
em certa noite de 1560, em Lincolnshire, um gato preto foi ferido a
pedradas. Encurralado, ele refugiou-se na casa de uma velhinha que
costumava dar abrigo a gatos de rua. No dia seguinte, essa pessoa também
apareceu machucada - o que fez o povo local concluir que ela era uma
bruxa e o gato, seu disfarce noturno.
Nessa tentativa de combater o paganismo, a Inquisição inverteu uma
tradição milenar, pois os gatos eram reverenciados como divindades,
principalmente entre os antigos egípcios. Na França, a perseguição aos
gatos durou até 1630, quando foi proibida pelo rei Luís XIII
(1601-1643). Há, no entanto, uma pesquisa do Hospital de Long Island,
nos Estados Unidos, que indica que, pelo menos para pessoas alérgicas, o
contato com um gato preto pode ter péssimos efeitos. Isso porque os
pêlos felinos dessa cor conteriam uma maior quantidade de substâncias
alergênicas.
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