Trata-se de um poema chamado "Cantiga da Ribeirinha", escrito
por Paio Soares de Taveirós para sua amada Maria Ribeira e registrado
no Cancioneiro da Ajuda, uma coletânea de manuscritos. "Os versos narram
a história de um amor não correspondido, em galego, versão portuguesa
de um dialeto de transição entre o latim e o espanhol", afirma Benilde
Cianato, professora de língua portuguesa da USP. "E ainda hoje não
sabemos se foram escritos em 1189 ou 1198", diz ela. Na época, a Galícia
(hoje Espanha), região próxima a Portugal, era um centro irradiador de
cultura - por isso o idioma sofreu influências do galego. A "Cantiga da
Ribeirinha" faz parte do gênero literário chamado de poesia
trovadoresca, o primeiro da literatura lusitana: versos declamados por
trovadores, geralmente acompanhados de música. Eles subdividiam-se em
três tipos: cantigas de amigo, de amor ou de escárnio e maldizer.
Além do Cancioneiro da Ajuda, duas outras compilações de poesias
daquela época chegaram aos dias de hoje: o Cancioneiro da Vaticana e o
Cancioneiro da Biblioteca Nacional. O mais antigo documento em língua
portuguesa - e não em galego - é o "Auto de Partilha", de 1192. Trata-se
de um acerto de divisão de terras recebidas por herança, hoje guardado
no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal.
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