"Os 11 reféns estão mortos", anunciou a agência de notícias
Reuters no meio da madrugada. Terminava assim um dos dias mais longos da
história.
Munique, sede da Olimpíada de 72, 5 de setembro. Oito palestinos do
grupo terrorista Setembro Negro, suspeito de ser ligado à OLP
(Organização para a Libertação da Palestina), invadem a Vila Olímpica,
matam dois membros da equipe de Israel e fazem outros 11 deles de
reféns. O objetivo é conseguir a libertação de árabes presos em Israel.
Implacável, o governo israelense se recusa a negociar.
A polícia, então, resolve armar uma emboscada. Oferece helicópteros
para que os sequestradores possam sair do alojamento com os reféns e os
leva a uma base aérea, prometendo regalias.
Presente de grego, claro: os policiais queriam os palestinos expostos
em campo aberto. Atiradores de elite fariam o resto do serviço.
Bom plano. Mas faltou combinar com os terroristas: ao perceber que
havia uma tocaia, os palestinos ficaram desesperados. E partiram para o
desfecho infernal que você vê nos quadrinhos. Apesar da nuvem cinzenta
que baixou em Munique depois do episódio, os Jogos ficaram suspensos por
apenas mais um dia, quando os corpos dos atletas foram velados no
estádio olímpico. Mesmo com os protestos de Israel, os Jogos foram até o
fim. Meses mais tarde, os dois terroristas sobreviventes foram soltos
em troca do fim do sequestro de um avião da companhia aérea Lufthansa.
Isso levou Israel a criar uma força-tarefa conhecida como "Ira de Deus",
que encontrou e assassinou um dos terroristas.
Era só o início de uma bola-de-neve que até hoje não pára de crescer. Munique, 5 de setembro de 1972: começava ali o século 21.
O dia que não acabou
Na madrugada de sexta-feira, homens armados pulam o muro da Vila Olímpica...
4h15
Oito terroristas palestinos batem na porta do alojamento da delegação
de Israel. Um treinador da equipe é morto com um tiro. Outro membro
tenta revidar com uma faca de sobremesa. E morre também.
7h30
Os palestinos pedem a libertação de 234 árabes detidos em prisões
israelenses. Se não forem atendidos até As 9h, dizem, todos os reféns
morrem.
22h00 - 22h15
Após 15 horas de negociação os palestinos aceitam uma proposta da
polícia: seguir de helicóptero até um aeroporto, onde um avião os
levaria para o Egito com os 11 reféns. Mas o plano é outro: levar os
palestinos a uma base aérea da Otan e emboscá-los.
23h00
Os helicópteros chegam ao aeroporto. Dois palestinos vão checar se
não armaram uma tocaia. Armaram. Eles voltam correndo para a aeronave.
Cinco atiradores da polícia abrem fogo, e acertam um deles.
23h55
Carros blindados param ao lado de um dos helicópteros. um terrorista
foge e, pouco antes de ser alvejado, joga uma granada na aeronave. A
explosão mata os atletas e alguns palestinos.
23h30
Continua o tiroteio. os quatro pilotos dos helicópteros fogem. um
deles é atingido. Um policial também morre. os palestinos ficam
entrincheirados atrás das aeronaves.
23h56 - 0h10
Ao ver a explosão, outro terrorista executa os reféns. Só ele e um
companheiro ficam vivos, e acabam subjugados pela polícia. Saldo final:
19 mortes.
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